Jorge Luíz Borges, intelectual escritor, autor de inúmeras obras, indagado sobre o faria
se vivesse novamente os seus longos anos de vida disse: " Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão
perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos
higiénico.
Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios, onde nunca fui,
tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Sente-se nas palavras do mestre, o repúdio ao excesso de convenções sociais incidindo sobre a vida pessoal de cada um, mutilando-o ou restringindo-a demasiadamente.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da minha vida; claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar viver, trataria de ter
somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feito a vida: só de momentos, não os perca agora.
Eu era uma desses que nunca ia a parte alguma sem preocupar com o outro, horas para voltar e ir, o meu trabalho tinha que ser perfeito, sempre querendo apreender mais e mais, se voltasse a viver, viajaria mais leve no tempo. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria mais com minhas crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente."
Assistimos no dia-dia cada vez mais a submissão quase total do homem à máquina e as regras
colectivas, nem sempre no melhor sentido e para os melhores fins.
É óbvio o valor das inúmeras invenções do século, dirigidas ao bem estar da humanidade. Não podemos negar a importância, por exemplo, da evolução dos equipamentos, maquinas e instrumentos ligados à medicina, que tanto contribuem para que o homem tenha melhores condições de vida.
Temos também, o caso da informática, já tão enraizada em nossa vida e cada vez mais indispensável.
O homem, sem dúvida, tira um grande proveito dessa dinâmica tecnológica da sociedade. São evidentes os benefícios decorrentes dessa evolução, mas há, também, uma preocupante mudança de hábitos nas pessoas, que passam a agir "
maquinizadas",
roboticamente, e sem sentimentos, numa relação de um imenso
potencial humano e desumaniza as relações sociais.
O homem se fecha, se
individualiza, se retrai e se contrai em seus sentimentos, desejos e anseios. Esquece de olhar para o lado. Esquece de ver o azul do céu, as cores das flores, enfim, a beleza da vida.