Valor da Amizade

A gente não costumava ter amigos? Todo mundo, desde os altos executivos até as donas de casa, parece ter a mesma queixa hoje em dia: as pessoas não dão mais a mesma prioridade à amizade. A culpa é da jornada de trabalho mais longa, do aumento das viagens a trabalho e da enxurrada de informações e entretenimento que nos mantém conectados a quase tudo, menos a outras pessoas. As pessoas agora compram casas para os fins de semana e afastam-se dos amigos. E o e-mail, que deveria ajudar a manter o contado, costuma ter o efeito contrário: as amizades reais transformam-se, literalmente, em virtuais.

Ironicamente, a recente obsessão brasileira em equilibrar trabalho e família pode ter acentuado o problema. Na verdade, a importância de gastar tempo com amigos é deixada de lado como um luxo que rouba o escasso tempo de uma agenda já superlotada. As pessoas estão dizendo "essa é a única coisa da qual eu posso abrir mão", afirma o sociólogo Jan Yager. Elas estão dando menos valor à amizade. Na verdade, para muita gente, gastar tempo com amigos-fora a turma de trabalho-é motivo de culpa. "Ir a um bar ou jantar com amigos é como tirar tempo da família, você se sente um pouco egoísta."
As pessoas que tem bons amigos costumam ser menos estressadas e talvez até vivam mais. Ter contado com um grande número de amigos dá a você uma sensação de sentido e objetivo na vida. Um estudo com 10 mil idosos realizado em uma Universidade concluiu que os solitários tinham duas vezes mais chances de morrer num período de cinco anos do que aqueles com amigos próximos.