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No passado, o medo era um sentimento vergonhoso. Tornar-se adulto significava superar os próprios medos. Na sociedade de hoje com a expansão da globalização, urbanização, consumismo, violência, poluição e desemprego, o medo, tornou-se, uma realidade que foge ao controle da nossa vontade. Graças a ele, aprendemos a temer tudo: o desenvolvimento industrial, o mercado financeiro,a Internet, os transgênicos, o efeito estufa, o terrorismo, a violência, assaltos, sequestros. Mas, enquanto as utopias naufragam e os valores desmoronam, há um cofre que armazena fortaleza e energia para dias melhores: a família. A família moderna, fundada no casamento por amor, no afeto aos filhos, na convivência mútua com a alegria e a doença, com a intimidade e o sofrimento, a velhice, o parto e a morte, pode ser muito mais democráticas do que utopias politicas mirabolantes. De modo algum essa é uma pauta conservadora, como tantas vezes se repetiu no passado, embora, é claro, nem todas as famílias sejam amorosas. Há famílias perversas. Diante de um mundo que derrete, a família é a " realidade aqui embaixo", onde se luta e se ri por amor ao presente, a morada online do tempo em que nos socializamos e viramos sujeitos. Mais do que a escola, o trabalho, a igreja ou o sindicato, ela é a usina fundamental. " O único laço social que nos últimos dois séculos se aprofundou, intensificou e enriqueceu é o que une as gerações no seio da família", diz Luc Ferry em família, amo vocês.O importante é que a família perdure, legítima, autêntica e menos hipócrita. Se lá fora impera a competição, a indiferença e a solidão, na família pode existir solidariedade, cuidado, confiança, altruísmo e até mesmo sacrifício. Talvez aí se revele o sentido e a transcendência que muitos julgavam perdidos.